Todo o mundo adora um bom mistério vitoriano, né? É o tipo de história que tem o potencial para cativar muita gente mas que pode parecer muito datada, por se passar numa sociedade muito diferente da nossa. Mas com um bom roteiro, uma trama passada no século XIX pode ser bem atual e relevante. E Enola Holmes é muito atual, ao mesmo tempo em que se mantém apropriada para a época.
Aqui a gente acompanha Enola Holmes, irmã mais nova de Sherlock e Mycroft, investigando o desaparecimento da mãe (Helena Bonham-Carter), quando se depara com outro mistério para resolver, ao mesmo tempo em que precisa fugir dos irmãos que querem que ela vá para uma escola extremamente rígida. Perseguições, lutas e muita investigação.
Entre a tirania de Mycroft (Sam Claflin) e a passividade de Sherlock (Henry Cavill), Enola precisa encontrar seu lugar dentro da família e em uma sociedade à beira da mudança.
É importante ter uma protagonista como Enola: uma adolescente interpretada por uma atriz também adolescente (não uma adulta, como em muitos filmes), que não só é habilidosa como tem momentos de vulnerabilidade. Uma personagem em quem uma geração inteira de meninas pode se inspirar. E Millie Bobby Brown é a atriz perfeita para a personagem: carismática (como o Henry Cavill não cansa de dizer em entrevistas), talentosa e cheia de vontade de fazer a diferença, ela também é produtora do filme. Millie transmite toda a energia da personagem, jovem e brilhante, e seu abandono nos momentos mais dramáticos. Provando mais uma vez que tem uma carreira brilhante pela frente (mas a gente já sabia disso desde Stranger Things, né?).
Helena Bonham-Carter está mais uma vez no papel de mulher incomum, que ela interpreta tão bem. Uma mãe fora dos padrões que só poderia ter criado filhos tão fora dos padrões como Sherlock e Enola. E eu nunca achei que o Sam Claflin (nosso crush Finnick de Jogos Vorazes) podia ser tão irritante, mas a versão dele do Mycroft dá nos nervos. E o Louis Partridge é um fofinho como Lorde Tewksbury.
Eu preciso de um parágrafo inteiro pra enaltecer o Henry Cavill como Sherlock Holmes. O detetive inteligentíssimo dessa vez se mostra mais interessado em pessoas, mais educado que outras versões (sim, Benedict, eu estou olhando para você). Esse Sherlock mais empático ajuda a consolidar a ideia de que só porque alguém é um gênio, não quer dizer que a pessoa precisa ser fria e mal educada. Claro que o cabelo cacheado e a roupa de época não atrapalham em nada e essa já é a minha segunda versão favorita do personagem (só perde para o Basil de O ratinho detetive).
pensa num crush (não me espanta a internet inteira estar caidinha por ele) |
As cenas de ação são muito bem feitas e as lutas são bem coreografadas. É interessante também que tanta atenção tenha sido dada à continuidade. Quando os personagens lutam, suas roupas ficam sujas, os cabelos bagunçam, fica visível que eles foram afetados pela ação. Parece um detalhe besta mas muitos filmes esquecem disso e parecem mais inverossímeis.
Mas nem só de aventura vive o filme, também tem uma crítica social muito relevante na história. Em vez de simplesmente fingir que era tudo lindo e perfeito na Inglaterra vitoriana, o filme toca em tópicos sensíveis e importantíssimos como racismo e machismo. Tem uma cena maravilhosa em que uma personagem negra diz para Sherlock que ele não se interessa por política porque não tem interesse em mudar um sistema que o favorece.
Enola Holmes é um dos melhores filmes já lançados pela Netflix e pode inspirar uma geração inteira de meninas. Divertido, cheio de aventura e mistério e baseado numa série de livros, então eu espero que realmente tenha continuação.
Numa escala de uma a cinco mocinhas vitorianas nada indefesas, o quanto eu gostei do filme:
Gracinha de postagem!Esse filme ganhou meu coração nessa semana e não vejo a hora de poder ler o livro agora!
ResponderExcluirAquele tipo de filme leve e que enredo fantástico.
Enola é uma graça e os irmãos..ai ai !rs(suspira forte)
Um filme super indicado a todos!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor