Ficha Técnica
Título: Silo
Título Original: Wool
Autor: Hugh Howey
ISBN: 978-85-8057-473-9
Páginas: 511
Ano: 2014
Tradutor: Edmundo Barreiros
Editora: Intrínseca
O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo? E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade?Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do Silo. Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras. Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo.
Um crime cuja punição é simples e mortal. Elas são levadas para o lado de fora. Juliette é uma dessas pessoas. E talvez seja a última.
Resenha
Nos últimos anos o mercado literário foi invadido por vários títulos do segmento distópico. Arrebatando muitos leitores e sendo sucesso de público e crítica, estes livros além de venderem milhares de cópias ao redor do mundo, se mostraram também capazes de renovar a leva de adaptações cinematográficas, principalmente voltada para um público mais jovem.

“Silo” é a mais nova aposta da Intrínseca. Ele é mais uma distopia (de fato, chega a ser algo mais como um pós-apocalíptico) que chega às prateleiras, porém com uma construção distinta, trazendo em seu enredo aspectos da ficção científica, transformando o livro em uma grande obra visual e repleto de mistérios e surpresas. Não é atoa que os direitos do livro já foram comprados pela 20th Century Fox, e por enquanto a direção e o roteiro estão nas mãos de Ridley Scott (Alien: O Oitavo Passageiro, Blade Runner, Prometheus) e Steve Zaillian (A Lista de Schindler, Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres), respectivamente.
Madeira e couro. Artefatos, como pistas, transmitidas de geração a geração, rastros inócuos de seus ancestrais, inofensivos como livros infantis e entalhes em madeira, coisas que tinham conseguido sobreviver ao levante e ao expurgo. Cada pista era como um pequeno indício de um mundo além do seu, um mundo no qual prédios se erguiam na superfície, como as ruínas acima dos morros cinza e sem vida.
Pág. 49

Primeiramente, para quem não sabe, os silos são grandes containers que normalmente são utilizados para armazenar grãos. O principal personagem desta estória de fato é o próprio silo, que serve como cenário e fundamental desencadeador dos eventos. Em um futuro próximo, o planeta Terra se tornou inabitável devido a presença de gases poluentes em sua atmosfera, e a única solução para evitar o extermínio da raça humana, foi construir um grande silo embaixo do solo para abrigar todos os sobreviventes.
Apesar de possuir mais de 140 andares dentro da terra, o silo necessita de regras e muita disciplina, para evitar que novos levantes aconteçam e o ‘bem estar’ do local seja afetado. Cada andar é responsável por uma atividade, como mecânica, medicina, agricultura, entre muitos outros. Caso algum casal queira ter filhos, necessita participar de uma loteria, mas para isto acontecer, alguém precisa morrer antes. Porém, o ápice do regime político do silo é conhecido como limpeza, e ninguém em sã consciência quer fazer parte dela.
Foi bom demais poder dizer o que pensava para outro ser humano. Foi muito bom ouvir aquelas suas novas ideias em voz alta. E ela soube que estava certa sobre o preço do envio de e-mails: eles não queriam que as pessoas conversassem. Pensar, tudo bem; os pensamentos são enterrados junto com quem pensou. Mas nada de se reunir, nada de grupos coordenados, nada de troca de ideias.
Pág 192
No nível mais superior do silo existem algumas janelas que mostram o exterior. Somente através destas janelas os habitantes podem ter ideia de como está a superfície do planeta. O grande problema é que com o tempo estas janelas precisam ser limpas, e quando isso acontece, qualquer infração é motivo de exílio, logo, motivo para acontecer a limpeza.
A limpeza consiste em enviar alguém para fora do silo dentro de um traje especial que evita que os gases atinjam os pulmões do individuo. Estando lá fora, a pessoa limpa todas as janelas, mas logo em seguida acaba perdendo o oxigênio e caindo morto em frente a qualquer cidadão do silo que tenha observado o ato da limpeza. Com um mundo exterior inabitável, e uma habitação cheia de mistérios e regras, caberá a Juliette, nossa heroína, mudar o rumo de toda uma humanidade.
O modo como a terra se erguia por toda a volta dava a impressão de que algum deus faminto tinha devorado uma grande colherada da terra. Com o coração triste, Juliette sentiu que o mundo em que tinha crescido agora estava fechado para ela, que seu lar e sua gente estavam em segurança atrás de portas reforçadas e lacradas, e ela devia se resignar ao seu destino. Tinha sido exilada. Tinha pouco tempo.
Pág. 232
“Silo” é um livro muito bem escrito, inteligente e repleto de fôlego. Inicialmente proposto para ser somente um conto em formato digital, se tornou popular após sua publicação no site Amazon de maneira independente. Assim, o autor decidiu escrever novos contos sobre o universo do silo, posteriormente ao grande sucesso de vendas online. Depois de publicar todos os contos, e o fato deles terem sido reverenciados tanto pelo público quanto pela crítica, o autor Hugh Howey vendeu os direitos do seu livro para uma editora.
Com a publicação em formato físico, “Silo” acabou se tornando uma série de três livros. O primeiro deles é este que resenho, o segundo é intitulado “Shift” e o último com o nome de “Dust”, todos volumes já adquiridos pela Intrínseca, porém sem data de lançamento definida no país. Por ter sido escrito em pequenas partes (cada parte referente a um conto), “Silo” é recheado de grandes reviravoltas a todo momento, que com certeza irão surpreender o leitor até a sua última página.
Capas originais da trilogia Silo, escrita por Hugh Howey
Com capítulos curtos e com uma narrativa minuciosa, a leitura de “Silo” acontece de uma forma rápida, apesar das suas mais de 500 páginas. O fato da obra ser muito bem escrita, com muitos detalhes e bons personagens, só ajuda a prender o leitor a conhecer e desvendar os mistérios criados por Howey, e posso garantir à vocês que há enigmas suficientes para dar e vender.
“Silo” é um daqueles livros que irá conquistar um público das mais diversas idades, e eu tenho quase certeza que será um grande sucesso por aqui. Apesar de ser mais uma obra que aborda os questionamentos sociais em um futuro próximo, o livro carrega em suas páginas um conteúdo mais adulto e cru, comparado a grandes êxitos como “
Jogos Vorazes” e “
Divergente”, que possuem personagens jovens, além de uma carga romântica. “Silo”, por outro lado, segue um caminho oposto, mas ainda assim bastante atraente tanto para o público jovem quanto para o mais adulto poder se identificar.
Para quem gosta de mistério, personagens marcantes e de uma escrita exemplar e rica, “Silo” é a escolha ideal. O livro é muito bom e não é atoa que já atingiu o primeiro lugar em diversos países, talvez, o Brasil seja o próximo.
– Nós somos as sementes – disse ele. – Isto é um silo. – Eles nos botaram aqui para os períodos difíceis. [...]
– O que acontece com as sementes quando ficam guardadas por muito tempo? – perguntou ela.
[...]
– Nós apodrecemos [...]
Pág. 306