[Resenha] O Jogo do Amor/"Ódio!" - Sally Thorne

Ficha Técnica 

Título: O Jogo do Amor/"Ódio!"
Título Original: The Hating Game
Autor: Sally Thorne
ISBN: 978-85-503-0266-9
Páginas: 400
Ano: 2017
Tradutor: Mauricio Tamboni
Editora: Universo dos Livros

 

Sally Thorne surge na cena literária apresentando um ambiente de trabalho hilário e sensual em uma comédia sobre aquela conhecida linhazinha tênue entre o amor e o ódio. Lucy Hutton e Joshua Templeman se odeiam. Não é desgostar. Não é tolerar. É odiar. E eles não têm nenhum problema em demonstrar esses sentimentos em uma série de manobras ritualísticas passivo-agressivas enquanto permanecem sentados um diante do outro, trabalhando como assistentes executivos de uma editora. Lucy não consegue entender a abordagem apática, rígida e meticulosa que Joshua adota ao realizar seu trabalho. Ele, por sua vez, vive desorientado com as roupas coloridas de Lucy, suas excentricidades e seu jeitinho Poliana de levar a vida. Diante da possibilidade de uma promoção, os dois travam uma guerra de egos e Lucy não recua quando o jogo final pode lhe custar o trabalho de seus sonhos. Enquanto isso, a tensão entre o casal segue fervendo, e agora a moça se dá conta de que talvez não sinta ódio por Joshua. E talvez ele também não sinta ódio por Lucy. Ou talvez esse seja só mais um jogo.

Resenha

Lucy Hutton tem vinte e oito anos e é assistente executiva da co-CEO da editora Bexley & Gamim. Desde que tinha onze anos ela queria trabalhar em uma editora — claro que no editorial —, mas só de estar ali, já era um sonho, porém há um ano tudo se tornou muito mais complicado quando a Gaming Publishing estava quase falindo e para que isso não acontecesse fez um acordo de fusão com a Bexley Books. Desde então ela divide a sala com Joshua Templeman, o assistente executivo do senhor Bexley, o outro co-CEO. Infelizmente a relação deles começou com o pé esquerdo quando ela o recebeu com seu melhor sorriso e ele a encarou da cabeça aos pés e virou o rosto. Então, foi só ladeira a baixo!

— É isso que você pensa que nós dois fazemos? Flertar?

Ele reclina a cadeira de um jeito que eu nunca consigo reclinar. O encosto da minha cadeira não cede tanto quando tento. Até hoje só consegui ir para trás e trombar com a parede.

— Moranguinho, se nós estivéssemos flertando, você saberia.

Nossos olhares se encontram e eu sinto um peso estranho dentro de mim. O diálogo está saindo dos trilhos.

— Ah, é? Talvez porque eu estaria traumatizada?

— Porque você estaria pensando nisso mais tarde, deitada na cama.

Posição 6%

Diariamente eles fazem jogos infantis e não escondem de ninguém quanto se odeiam — inclusive isso já causou advertências do RH aos dois, mas nem assim eles pararam. Entretanto, mesmo acirrada, essa disputa entre eles é, acima de tudo, muito inteligente — claro que eles se deixaram levar em alguns momentos e foram pegos pelo RH, mas quem os vê atualmente de fora e não sabe da rivalidade, nem desconfia. Ele é a única pessoa que a chama de Lucinda (nem os pais dela fazem isso), outras vezes ele a chama pelo apelido que lhe deu de Moranguinho (por causa da fazenda dos pais dela). Outras eles apenas se encaram (jogo de encarar), outras repetem os gestos um do outro (jogo do espelho), enfim… lendo, a gente pensa: minha filha, por que você aguenta isso? Será que não é melhor procurar outro emprego? Porque sinceramente nem mostra que ela tenta mudar. Ela se ressente por ele ser absurdamente alto, enquanto ela tem apenas um metro e cinquenta e três (segundo ela acha, ele deve ter um metro e noventa e cinco), mas o pior é o fato de ele ser lindo, o que para ela só confirma como o mundo não é justo.

Mas não foi só um lado que saiu ganhando. Eu também vi um lado secreto de Joshua durante essa noite infinita à qual sobrevivemos. Existe paciência e gentileza sob aquela fachada de cafajeste. Decência humana. Humor. Aquele sorriso.

Posição 36%

Lucy sabe que, caso não consiga a vaga de diretora de operações não haverá outra alternativa que não seja pedir demissão, pois não há a menor chance de ela aceitar que Josh seja seu chefe e, mesmo que ela mudasse de setor na empresa, ainda saberia que ele havia vencido aquele jogo. O que ela não imaginava era que concorrer àquela vaga seria O JOGO.

Com uma narrativa totalmente sob a perspectiva de Lucy, a gente não sabe muito o que está acontecendo do lado de Josh, mas fato é que, assim como ele a abala, o mesmo acontece com ele — e cá entre nós, sabemos que a linha entre o amor e o ódio é tênue. O que nos leva a pergunta: será que eles realmente se odeiam? Pois para mim pareceu uma evolução muito mais aprimorada daquela história do menino que gosta da menina na escola e não sabe chamar a atenção dela e pois isso puxa os cabelos dela, procura vários motivos para implicar — e eu amo e já estava certa disso e torcendo para que eles superassem as picuinhas e vissem que nunca haviam se odiado.

Meus olhos estão estreitados, tamanha minha irritação. Josh não percebe e começa a beijar minha têmpora. Mas afinal, quem pode culpar essa mulher?

Um homem com um corpo desses, com um rosto desses, sendo tão insuportavelmente doce e gentil? Eu também quase cairia morta. É como ver um metaleiro abraçando uma criança ou um pugilista beijar seu amor na primeira fila de uma luta. Masculinidade bruta contrastando com gentileza é a coisa mais atraente em todo o planeta.

Josh é a coisa mais atraente em todo o planeta.
Posição 91%

Durante o processo seletivo é o momento em que o destino dará aquele empurrão que nós leitores de romance ansiamos e… depois disso Lucy terá a chance de conhecer quem é o verdadeiro Josh. Ahh, o verdadeiro Josh… meu coração romântico não aguenta… tirando o início nada ortodoxo deles, quero um para mim, universo!

Esse é daqueles livros que você chega ao fim e quer mais, mas é único. O que posso dizer para vocês é que foi feita uma adaptação pelo Prime Video, que eu ainda não assisti, porém pretendo fazer em breve.

— (…) Então me diga, qual é o objetivo do Jogo do Começar de Novo?

— O mesmo de todos os outros. Você me amar.

— O meu era fazê-lo sorrir. Que bobinha eu era.

Posição 99%

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