É importante lembrar que fazer piada com Hitler e transformá-lo em uma caricatura não é uma forma de diminuir o sofrimento causado aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Nada no mundo vai apagar os horrores do holocausto. Por isso mesmo as piadas são direcionadas à figura de Hitler, o rosto do nazismo, e com isso ridicularizam não só o ditador e seus seguidores como quaisquer outros que sigam regimes parecidos.
Depois de um acidente no acampamento da juventude hitlerista, Jojo descobre um segredo em sua própria casa e começa a questionar seus ideais, assim como os conselhos de seu amigo imaginário. Tinha tudo para ser uma história bem clichê e talvez fosse, do ponto de vista de um soldado adulto ou com um roteiro mais sério. Mas Jojo Rabbit é uma comédia dramática e, em sua primeira metade, se permite transformar cada pequena ação na vida do protagonista em uma forma de caçoar dos nazistas. Este é o primeiro grande mérito do filme, seu humor que parece não ter limites.
Se eu tivesse que escolher um terceiro grande mérito, seria o de dar tempo para seus personagens se desenvolverem. Não só os protagonistas mas até aqueles coadjuvantes que parecem estar ali só para serem engraçadinhos. Todos os personagens têm a oportunidade de concluir um arco até o fim do filme, além de serem interpretados por atores excelentes. Todas as atuações são perfeitas, desde Roman Griffin Davis (Jojo) até Scarlett Johansson (Rosie), passando pelo próprio Taika Waititi (Adolf) e Sam Rockwell (brilhante como o capitão Klenzendorf).
O detalhe que amarra tudo isso de forma divertida é a direção de arte. Como vemos a Alemanha pelos olhos de Jojo, tudo é colorido, ao contrário do padrão de cores usado em filmes de guerra. Aqui as cores são fortes e alegres, como em um livro infantil ilustrado. A trilha sonora também se encaixa perfeitamente, com versões em alemão para músicas dos Beatles e do David Bowie, formando um retrato alegre de um país em guerra.
Jojo Rabbit é a prova de que é possível fazer humor de qualidade sobre temas sérios, sem transformar a história em piadas grosseiras ou ser ofensivo de forma gratuita. Prova de que Taika Waititi tem talento de sobra (não que eu duvidasse) e que ainda existem formas de inovar ao contar histórias sobre a Segunda Guerra.
Numa escala de um a cinco taika waititis dormindo no trabalho, o quanto eu gostei do filme:
Gente, eu amei esse filme!rs
ResponderExcluirUm jeito único de trazer assuntos tão fortes como a Segunda Guerra de uma forma mais leve em alguns momentos, tristes em outros,mas no contexto geral, com algo inovador neste estilo de filmagem.
Preciso rever!!!
Beijo
Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor