[Resenha] Enfeitiçadas - Jessica Spotswood

Ficha Técnica

Título: Enfeitiçadas
Título Original: Born Wicked
Autor: Jessica Spotswood
ISBN: 978-85-8041-230-7
Páginas: 272
Ano: 2014
Tradutor: Ana Ban
Editora: Arqueiro

No leito de morte de sua mãe, Cate Cahill fez uma importante promessa: proteger a todo custo suas irmãs mais novas, Maura e Tess. Essa tarefa é mais difícil do que parece, afinal, as irmãs guardam um importante segredo: elas são bruxas. Em uma sociedade governada pela Fraternidade, instituição que pune qualquer suspeita de bruxaria com a prisão, a internação num hospício ou a morte, ser bruxa significa estar constantemente em perigo. Aos 17 anos, faltando apenas algumas semanas para que Cate decida entre se casar ou abraçar a Irmandade - braço feminino da Fraternidade -, talvez ela não consiga manter sua promessa, principalmente depois de encontrar o diário da mãe, que revela um segredo capaz de levar a família à destruição. Desesperada para descobrir alternativas, Cate começa a vasculhar livros proibidos e a encontrar ajuda em novos amigos rebeldes, tudo isso enquanto precisa lidar com eventos sociais, propostas de casamento e um romance proibido com o inadequado jardineiro da família. Se o que sua mãe escreveu for verdade, as garotas Cahill não estão a salvo - nem da Fraternidade, nem da Irmandade, nem delas mesmas.

Resenha

Desde o lançamento dessa série eu estava de olho querendo lê-la e ela foi uma das poucas que consegui me segurar para só iniciar quando já tivesse todos os livros em casa. Agora que já tenho todos os livros da trilogia As Crônicas das Irmãs Bruxas, pude ler Enfeitiçadas e digo, ainda bem que já estou com os outros, porque, que final!

A estória se passa no final do século XIX, na pequena cidade de Chatham, Nova Inglaterra, um lugar dominado pelo poder da Fraternidade, uma organização religiosa masculina que derrubou as bruxas do poder há mais de cento e vinte anos e desde então vem caçando as bruxas remanescentes e levando junto qualquer mulher que ouse sequer pensar que é alguma coisa.

A mensagem é clara: mulheres com opinião, estudo demais, muito estranhas ou muito diferentes são castigadas. Elas merecem qualquer destino que as acometer. Mulheres como Zara.
Mulheres como nós.
P. 97

Com uma narrativa em primeira pessoa, conhecemos Cate Cahill, uma adolescente de dezesseis anos com mais responsabilidades do que queria. Há três anos, desde a morte de sua mãe, que ela é a responsável pela casa e pela segurança de suas irmãs, Maura e Tess. O pai não sabe que elas são bruxas e desde a morte da esposa tornou-se ainda mais recluso em seu mundo de estudos e os negócios, ficando cada vez menos tempo com as filhas, viajando constatamente sob o pretexto dos negócios, sendo assim, Cate é a senhora da casa, cabe a ela ensinar o pouco de magia que a mãe lhe instruiu às suas irmãs e mantê-las em segredo absoluto.

Não tem sido fácil, mas a situação complica-se cada vez mais. Com a iminência do seu aniversário de dezessete anos, Cate precisará anunciar seu noivado ou declarar sua intenção de juntar-se à Irmandade, o braço feminino da Fraternidade, mas ela não deseja de maneira alguma seguir com as Irmãs, sabendo que não tem vocação e que isso a obrigaria a viver em Nova Londres, cidade onde fica o convento mais próximo, mas isso é uma viagem de dois dias, o que a deixaria muito longe das irmãs e de protegê-las. Casar-se então... Sua única opção é Paul McLeod, seu vizinho e melhor amigo desde a infância, mas desde que ele se mudou para Nova Londres para estudar, quatro anos atrás, ela nunca mais o viu e nem sabe se e quando ele voltar terá algum interesse desse tipo nela.

Como se o fardo de guardar o segredo do pai e dos empregados da casa não fosse suficiente, sua vizinha, a Sra. Corbett, tem interferido cada vez mais com o pai delas, e dessa vez o convenceu a contratar uma governanta, para ajudar as meninas a se vestirem melhor e saberem se comportar perante a sociedade o que consequentemente às ajudará a encontrar um bom marido, uma vez que elas se tornaram muito reclusas desde a morte da mãe e têm sido consideradas excênctricas pela comunidade, como intelectuais demais.

A chegada da Irmã Elena Robichaud trará para Cate mais um problema, uma estranha dentro de casa e com as irmãs sendo cada vez mais imprudentes com a prática da magia isso não ajuda em nada e parece que tudo resolve acontecer ao mesmo tempo pois, quase ao mesmo tempo (pouco antes) o pai contrata Finn Belastra para ser o novo jardineiro da casa, Paul retorna à Chatham e ela descobre uma importante profecia no diário da mãe.

Antes de o Grande Templo de Nova Londres cair, o oráculo anunciou uma última profecia. Ela previu que, antes do alvorecer do século XX, um trio de irmãs chegará à idade adulta, todas bruxas. Uma delas, que terá o dom da magia mental, será a bruxa mais poderosa a nascer em muitos séculos: ela terá poder suficientes para mudar o rumo da história, para suscitar o ressurgimento do poder das bruxas ou um segundo Terror.
P. 74

Paul retorna interessado em ficar com Cate, mas ele deseja morar em Nova Londres, o que para Cate é péssimo, a descoberta dessa profecia é ainda pior, pois o fardo deixado pela mãe só aumenta de tamanho e a presença constante de Finn em seu lugar precioso a desagrada, afinal o jardim sempre foi o seu refúgio, mas com ele constantemente lá, ela não tem muitas opções. Na verdade, ver Finn trabalhando em seu jardim é algo inusitado, sendo ele o filho do livreiro da cidade, ela nunca o imaginou fazendo qualquer tipo de trabalho braçal, mas desde a morte do pai dele que a livraria tem ido de mal a pior.

Finn ajeita os óculos com o dedo indicador. Ele tem sardas salpicadas feito canela pelas bochechas. E o rosto dele... ele cresceu desde a última vez que o vi. Era um garoto magricela. Agora ele... bom. Não é mais.
- O que está fazendo aqui? - questiono sem nenhuma graciosidade.
E vestido assim? Não sou muito de fazer cerimônia, mas ele está usando uma calça esfarrapada de veludo cotelê marrom, mantida no lugar por um suspensório e uma camisa de trabalho com as mangas arregaçadas até os cotovelos.
Finn tira o chapéu de aba larga. Por baixo dele, seu cabelo grosso é acobreado e espetado para todos os lados.
- Sou o seu novo jardineiro.
P. 24

Eu vivi uma relação de amor e ódio com os personagens, na verdade os únicos que amei do início ao fim foram o Finn e a Tess, porque os outros em muitos momentos me vi irritada com eles. Cate vive sob muita pressão e o que parece é que as irmãs não levam a sério o fato de que se manterem escondidas é o melhor para elas, parece que não veem o que os Irmãos fazem, como se não soubessem de todas as garotas que já foram levadas para os navios-prisão ou para o hospício nos últimos anos, acusadas de bruxaria, sem falar nas que desapareceram completamente, Maura então é a pior, não gosto dela nem um pouco, garota ingrata, essa é a verdade. Paul parece gostar mesmo de Cate, mas quando se sente ameaçado pela presença de Finn, não sei, fiquei com receio do que ele seria capaz de fazer para ficar com ela. A Sra. Corbett e Elena para mim estão no mesmo patamar de Maura, por mim poderiam sumir e nunca mais voltar. Tess é uma fofa e embora seja a caçula, parece muito mais madura do que a idade que possui e Finn, ahhh, Finn é maravilhoso ❤.

Não que isso seja novidade. Tenho pensado nele o dia todo, em vários momentos tranquilos diferentes: enquanto  Elena corrigia o meu francês, enquanto eu tirava os pontos das minhas capas de almofada bordadas, enquanto a Sra. O'Hare me dava bronca por só ter comido metade do meu café da manhã. De algum modo, em poucas semanas, ele se transformou no tema dos meus devaneios.
P. 196

Quanto mas os fatos se desenrolavam, mais eu me preocupava em como Cate iria lidar com tudo aquilo, mas alguns personagens me surpreenderam e a ajudaram. Porém, a maneira como o livro terminou só me fez agradecer o fato de já ter Amaldiçoadas em casa para iniciar a leitura, preciso saber a continuação.

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