[Resenha] As Duas Versões de Nós Dois - Júlio Hermann

Ficha Técnica 

Título: As Duas Versões de Nós Dois
Autor: Júlio Hermann
ISBN: 978-65-86041-42-2
Páginas: 176
Ano: 2020
Editora: Faro Editorial

 

Algumas vezes o que você precisa pode estar perto demais… Ainda amargando uma dor de cotovelo pelo término de um relacionamento, Daniel se divide entre o trabalho como publicitário e a amizade com Olívia, uma garota tão azarada quanto ele no amor. Toda semana, eles se encontram para um papo em um bar: Olívia conta os problemas que tem com seus namorados complicados e Daniel debocha divertidamente. No fundo, sabe que sente algo pela amiga desde o dia em que se conheceram, dois anos antes. Tudo corre às mil maravilhas até que o destino resolve pregar uma peça em Daniel: Ulisses, seu melhor amigo e colega de trabalho, para manter o emprego, faz com que Daniel seja demitido e, com isso, perca a chance que sempre sonhou ― um Leão de ouro em Cannes, o maior prêmio da publicidade. Do outro lado, Beatriz, mãe de Olívia, descobre que tem câncer, o que faz com que sua amiga fique mais distante. Traído no trabalho, Daniel se vê sem nada: sem o ombro da amiga, sem emprego e sem perspectiva ― até a chegada de Ananda, que parece surgir como uma luz no fim do túnel, e uma notícia que soa como reviravolta. Mas o que levou Daniel até esse ponto? Que escolhas e ideias ele se sustenta para enxergar sempre entre tudo ou nada? Uma história sobre eventos e escolhas e o que fazer de sua vida dali para frente. Tentar resgatar o passado ou deixa-lo lá, aproveitando apenas o aprendizado.

Resenha

Com certeza vocês já viram outras resenhas de livros do Júlio aqui, estou certa? Pois, As Duas Versões de Nós Dois é seu primeiro livro de romance e, ouvindo falar tão bem da escrita dele, eu precisava conhecer e, além disso, quando li a sinopse, eu fiquei curiosa com a história e em como seria minha primeira experiência coma escrita do Júlio.

Daniel Carboni tem 23 anos, é publicitário e é típico cara certinho. Trabalhando com o que sempre sonhou, na única agência da pequena cidade em que vive, o único problema que enfrenta atualmente é em sua vida amorosa. Desde que sua namorada foi para Irlanda em busca de oportunidades e o relacionamento chegou ao fim, ele ficou à deriva. Conheceu Olívia Jordão em um jantar beneficente, se encantou com ela, lhe deu uma carona para casa, conversaram muito, beberam e o resto é um total mistério para ele, que não lembra de absolutamente nada do que aconteceu naquela noite, mas a partir de então, Daniel está na friendzone. Há dois anos, e contando.

Daniel e Olívia costumam se encontrar duas vezes por semana para beber e colocar a conversa em dia, o que pode ser resumido em Olívia falando do seu atual namorado e Daniel zoando o máximo que consegue e esperando que ela o veja como uma possiblidade de relacionamento no futuro, mas sem nunca pensar em tentar uma chance com a amiga. Como ele mesmo acredita, antes tê-la como amiga do que expor o que sente e não ter mais a presença dela na sua vida (te entendo colega, não que eu goste, mas entendo).

Eu inventei e reinventei Olívia. Primeiro, colocando a beleza que eu havia enxergado naquela primeira noite e as qualidades que me deixariam bêbado de paixão. Depois, apagando tudo que pudesse me mostrar que eu havia me apaixonado por uma mulher maravilhosamente inventada.

P. 78

Porém, as coisas começam a desandar na vida de Daniel quando ele é traído pelo amigo no trabalho, sendo acusado e demitido injustamente. Com isso, ele perde também a chance de concorrer ao Leão de Cannes, um grande prêmio do mercado publicitário, afinal, sua inscrição foi com uma campanha criada quando trabalhava na agência. Some a isso o fato de que ele colocou Ulisses em contato com a Trave, para que ele trabalhasse lá e foi apunhalado sem ter a menor ideia do motivo. Acrescente ainda que, quando vai compartilhar a injustiça com a amiga, percebe que mais uma vez ela está distante, focada no celular, certamente esperando que o namorado mande alguma mensagem. O que Daniel não tem ideia é de que a mãe de Olívia está doente e isso é o que a tem mantido com a mente distante. O que resulta em uma briga no meio do bar.

Sem emprego, sem a amiga e traído por um amigo (que inclusive tinha a chave da seu apartamento), Daniel precisa dar um novo rumo para sua história. Talvez segurar as rédeas de sua vida e perceber que nem sempre ele é vítima das circunstâncias, pois às vezes nós mesmos deixamos brechas para que algumas coisas aconteçam. Ou mesmo não mostramos quem realmente somos, nos adaptando e criando novas versões de nós para sermos aceitos por quem acreditamos ser importantes. Mas a chegada de Ananda na vida de Daniel é o gatilho para ele pensar diferente, para perceber o mundo ao seu redor de outra maneira. 

Ananda não tinha chegado na minha vida como o furacão Letícia ou o furacão Olívia, mas o sorriso dela me fazia sentir bem e sua voz me garantia que ainda havia felicidade no mundo. Sua presença era calma (…).

P. 96

A narrativa de As Duas Versões de Nós Dois é bem fluída, o que faz com que a gente finalize a leitura rápido. Além disso, os personagens são muito gente como a gente, sabe? Mostrando como a falta de comunicação nos leva por caminhos que nos aprisionam em situações incômodas e como é difícil sair do que nos é comum, mesmo que não nos faça bem. Ainda que isso faça com que leiamos rapidamente o livro, talvez essas características dos personagens também tenham me incomodado, a passividade de Daniel o egoísmo de Olívia… Quanto mais eu lia, mais eu ficava irritada com eles.

No fim ficou a sensação de que precisamos ser os protagonistas de nossas histórias, não dá para ficar esperando as coisas acontecerem.  

Ah, quase ia me esquecendo, mas preciso dizer que o livro também possui ilustrações e trechos de músicas nas aberturas de capítulos, que nos ajudam a entrar no clima da história. Para quem quiser conferir, as músicas estão na playlist As Duas Versões de Nós Dois, disponível no Spotify.

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