05 outubro, 2019


[Resenha] Medicina dos Horrores - Lindsey Fitzharris

Ficha Técnica 

Título: Medicina dos Horrores
Título Original: The butchering
Autor: Lindsey Fitzharris
ISBN: 978-85-5100-522-4
Páginas: 320
Ano: 2019
Tradutor: Vera Ribeiro
Editora: Intrínseca
Em Medicina dos Horrores, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX, que estava às vésperas de uma profunda transformação. A autora evoca os primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e pela força bruta, uma vez que não havia anestesia. Não à toa, os mais célebres cirurgiões da época eram capazes de amputar uma perna em menos de trinta segundos. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas. É nesse cenário, em que se considerava mais provável um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura de Joseph Lister, um jovem médico que desvendaria esse enigma mortal e mudaria o curso da história. Concentrando-se no tumultuado período entre 1850 e 1875, a autora nos apresenta Lister e seus contemporâneos e nos conduz por imundas escolas de medicina, os sórdidos hospitais onde eles aprimoravam sua arte, as “casas da morte” onde estudavam anatomia e os cemitérios, que eles volta e meia invadiam para roubar cadáveres. Chocante e revelador, Medicina dos Horrores celebra o triunfo de um visionário, cuja busca para atribuir um caráter científico à medicina terminou por salvar milhões de vidas.

Resenha


Quando a gente pensa em hospitais, a ideia que vem à mente é a de lugares limpos e estéreis, com pessoas usando máscaras e luvas e tudo sendo higienizado. Uma sala de cirurgia com o mínimo de pessoas possível, onde os médicos operam com calma um paciente sedado e anestesiado. Mas nem sempre foi assim.

Lindsey Fitzharris nos transporta pra Inglaterra vitoriana, onde menos de duzentos anos atrás a medicina era praticada da forma mais porca possível. Nesse cenário horroroso, as cirurgias eram feitas em anfiteatros e qualquer um podia assistir. Pessoas que vinham do trabalho e levavam a poeira e os germes da rua pras operações. Médicos usavam os jalecos sujos uns dos outros e quanto mais encardido o tecido, mais ele era respeitado. Como o conceito de microorganismos não era conhecido, os instrumentos não eram limpos entre as cirurgias, o que levava os índices de morte por septicemia a níveis gritantes.

É nesse momento tenebroso, em que médicos acreditavam que doenças eram causadas por “ar ruim” (o famigerado miasma), que surge Joseph Lister. O jovem médico de aspirações grandiosas revolucionou a medicina com a adoção de práticas de higiene e esterilização. O que parece tão simples pra gente, a ideia de desinfetar as mãos antes de entrar em contato com o paciente, causou uma rixa enorme na comunidade médica, dividida entre aqueles que se dispunham a testar o método de Lister e os que acreditavam que sua teoria era loucura.

Quando você consegue relevar as descrições vívidas dos procedimentos médicos (que envolvem cirurgias feitas sem anestesia com o paciente estrebuchando de dor e sangue voando pra tudo que é lado), o livro cria um retrato fascinante de um médico que nunca deixou de pesquisar. Um apaixonado pela ciência e pela arte de cuidar das pessoas, que dedicou sua vida à medicina e a tratar bem seus pacientes.
Todo paciente, até o mais degradado, deve ser tratado com o mesmo cuidado e a mesma consideração que se dariam ao próprio príncipe de Gales.
Lister, p. 161
A determinação de a gentileza de Lister ficam registradas como as características mais marcantes de um profissional que revolucionou sua área e cujas descobertas salvam vidas todos os dias. De prédios lúgubres e infectados conhecidos como “casas de morte”, hospitais passaram a ser lugares de cura graças à pesquisa de Lister sobre microorganismos. Medicina dos horrores é um registro de como a medicina nem sempre foi aplicada com base em evidências científicas e do quanto ela evoluiu em pouco mais de 150 anos.

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Comentários
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Um comentário:

  1. Dá uma agonia só de ler né??rs Mas vou admitir que é um gênero que eu gosto demais e quando vi a capa deste livro, já fiquei bem curiosa!
    Quero demais me arrepiar!
    Beijo

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