05 junho, 2018


[Resenha] Pequenos Incêndios por Toda Parte - Celeste Ng

Ficha Técnica 

Título: Pequenos Incêndios por Toda Parte
Título Original: Little Fires Everywhere
Autor: Celeste Ng
ISBN: 978-85-510-0312-1
Páginas: 416
Ano: 2018
Tradutor: Julia Sobral Campos
Editora: Intrínseca
Um encontro entre duas famílias completamente diferentes vai afetar a vida de todos. Em Shaker Heights tudo é planejado: da localização das escolas à cor usada na pintura das casas. E ninguém se identifica mais com esse espírito organizado do que Elena Richardson. Mia Warren, uma artista solteira e enigmática, chega nessa bolha idílica com a filha adolescente e aluga uma casa que pertence aos Richardson. Em pouco tempo, as duas se tornam mais do que meras inquilinas: todos os quatro filhos da família Richardson se encantam com as novas moradoras de Shaker. Porém, Mia carrega um passado misterioso e um desprezo pelo status quo que ameaça desestruturar uma comunidade tão cuidadosamente ordenada. Eleito nos Estados Unidos um dos melhores livros de 2017 por veículos como Entertainment Weekly, The Guardian e The Washington Post, Pequenos Incêndios Por Toda Parte explora o peso dos segredos, a natureza da arte e o perigo de acreditar que simplesmente seguir as regras vai evitar todos os desastres.

Resenha


Se existe um tipo de personagem feminina pouco explorado na literatura é a mãe. Protagonistas de romances ou aventuras ou até mesmo dramas quase nunca tem filhos e, quando eles existem, tem pouca importância para a história. As mães são geralmente coadjuvantes das histórias dos mocinhos, aquelas que representam um obstáculo para o roteiro. Elas raramente contam suas próprias histórias. De uns tempos pra cá tem surgido uma nova leva de livros contados por personagens com filhos, como por exemplo o incrível Pequenas grandes mentiras, da Liane Moriarty. É o caso também deste Pequenos incêndios por toda parte, segundo livro da Celeste Ng.

 Nós somos apresentados a duas mães que vivem em realidades completamente diferentes. Elas se conhecem através da locação de uma casa e ficam mais próximas quando seus filhos se tornam amigos. As duas famílias passam a se conectar de forma mais profunda quando a filha de uma começa a se entrosar mais na rotina da outra. Essa harmonia colapsa com a chegada de uma criança e as implicações do seu processo de adoção.

Elena Richardson sempre viveu na cidadezinha conservadora de Shaker Heights, onde existem normas para tudo e nada de escandaloso acontece. Sua rotina impecável com o marido, os quatro filhos e o emprego no jornal da cidade é perturbada pela chegada da família de Mia e a sra. Richardson se depara com uma inquilina sobre quem ela não sabe nada.

A fotógrafa Mia Warren nunca passa muito tempo na mesma cidade. Ela e sua filha Pearl vivem dos projetos artísticos de Mia e dos empregos temporários que esta consegue para pagar as contas enquanto trabalha em sua arte. As duas levam uma vida nômade até que decidem ficar em Shaker Heights. Pearl fica cada vez mais próxima dos filhos dos Richardson enquanto a filha mais nova, Izzy, se encanta pela arte de Mia e por sua personalidade.

Quando uma amiga da sra. Richardson adota um bebê asiático, as opiniões dos habitantes se dividem. De um lado, as pessoas que acreditam que a criança deveria ficar com sua mãe biológica e ser criada dentro de sua própria cultura. De outro, as pessoas que acham que os pais adotivos tem condições de oferecer uma vida melhor à criança. De lados opostos, Mia e Elena. Por motivos muito pessoais, elas se colocam em lados contrários na batalha alheia e essa cisão faz com que a sra. Richardson decida investigar o passado de Mia, descobrindo segredos que estavam escondidos por um bom motivo.

Os personagens são bem construídos e multidimensionais, apresentando novas facetas à medida que a história avança. De Lexie, que parece uma patricinha metida mas se mostra uma garota carente e sensível, à Izzy, a rebelde sem causa que na verdade é extremamente vulnerável e não consegue se conformar com injustiças.

A narrativa podia ser um pouco menos lenta, porque pouca coisa acontece ao longo de alguns capítulos, deixando certo ponto do livro meio tedioso. Esse ponto logo passa e o roteiro volta a ficar inquietante. A voz de um narrador onisciente nos ajuda a entender as ações dos personagens, já que eles muitas vezes não expressam seus sentimentos através de diálogos.

É um livro muito interessante, com uma trama bem estruturada e personagens instigantes. Recomendado pra quem gosta de histórias mais realistas e pessoais com reviravoltas mais discretas.
Comentários
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6 comentários:

  1. Olá!
    Uma trama bem diferente. Não conhecia o livro e nem a autora, a historia que se passa no livro é bem interessante, uma forma de ver que as opiniões oposta pode trava uma discussão né.. Gostei muito e espero conhecer mais a trama!

    Tempos Literários

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  2. Tamy!
    Não conhecia o livro e fiquei bem intrigada com esse enredo diferente e com a possibilidade de descobertas do passado que podem interferir no relacionamento presente das famílias.
    Acredito que dê para superar os trechos mais tediosos.
    Uma semana cheia de luz e paz!
    “Sou uma pessoa insegura, indecisa, sem rumo na vida, sem leme para me guiar: na verdade não sei o que fazer comigo.” (Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JUNHO - 5 GANHADORES
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  3. Ah, eu também tenho percebido que os livros onde os protagonistas são mães e o enredo se desenvolve levando isso em consideração está vindo muito bem por ai.
    Gosto muito de livros que envolvam segredos, isso me deixa curiosa para conhecer o de Mia!

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  4. Depois de ler a resenha eu imaginei que o livro tivesse poucas páginas e não mais de 400. Imagino que tem muita história pra contar ai mesmo. Eu já vou adicionar esse livro na minha lista como boa amante de um mistério!

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  5. Parece mesmo uma història bem discreta com poucas surpresas, mas não deixa de ser interessante. Não entra nos meus livros prioritários para ler, mas quero ler futuramente.

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  6. Oi Tamy
    Eu finalizei a leitura desse livro ontem e ainda estou tentando absorver tudo da história. Eu achei o livro incrível. A narrativa é mesmo mais lenta, mas eu consegui ler o livro bem rapidamente, considerando o tempo real que estava com ele em mãos. Adorei o fato das protagonistas serem mães e a história girar, praticamente, no tema maternidade. Acho muito importante mostrar todos os tipos de mãe e a literatura está se atentando mais a isso.

    Vidas em Preto e Branco

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