17 novembro, 2017


[Resenha] Vulgo Grace - Margaret Atwood

Ficha Técnica

Título: Vulgo Grace
Título Original: Alias Grace
Autor: Margaret Atwood
ISBN: 978-85-325-2353-2
Páginas: 504
Ano: 2017
Tradutor: Geni Hirata
Editora: Rocco

Depois de O conto da aia, que deu origem à prestigiada série The handmaid’s tale e alcançou o status de bestseller mais de 30 anos após a publicação original, outro romance de Margaret Atwood vai ganhar as telas, desta vez pela Netflix, e volta às prateleiras com nova capa pela Rocco. Inspirado num caso real, Vulgo Grace conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão e a governanta da casa onde trabalhava, na Toronto do século XIX. Com uma narrativa repleta de sutilezas que revelam um pouco da personalidade e do passado da personagem, estimulando o leitor a formar sua própria opinião sobre ela, Atwood guarda as respostas definitivas para o fim. Afinal, o que teria levado Grace Marks a cometer o crime? Ou será que ela estaria sendo vitima de uma injustiça?

Resenha

Margaret Atwood e sua maneira brilhante de discutir sobre como a sociedade, independente da época, é cruel com as mulheres. E independente, também, se a mulher é responsável ou não por um assassinato, como é o caso do livro.

A história se passa no século XIX, em Toronto, onde um crime brutal chocou os moradores da cidade. Grace Marks e James McDermott são condenados após matarem o patrão e a governanta da casa onde trabalhavam. Tudo aponta para um crime que foi cometido em dupla, porém, Grace não consegue se lembrar do momento no qual o crime aconteceu. Diferente de seu possível parceiro de crime, a jovem consegue não ser enforcada e existe um grupo empenhado em provar a sua inocência para tirá-la da penitenciária.


Este grupo empenhado em provar que Grace foi vítima de um homem insano contrata um médico para que este possa avaliar e dar um parecer favorável a jovem. Dr. Jordan busca entender a mente de Grace. Ele busca descobrir se uma jovem tão bonita e graciosa teria a coragem de planejar dois assassinatos. Os encontros dele com Grace são feitos na casa do governador, a jovem durante um período do dia faz serviços na casa do político e depois retorna para penitenciária. Dr. Jordan fica intrigado porque ele não consegue definir se Grace é perfeitamente sã e capaz de matar ou se ela não é capaz de discernir entre o que é certo e errado.

A verdade é que não quero que ele me veja comendo. Não quero que veja minha fome. Se você tem uma necessidade e eles descobrem, usam isto contra você. O melhor é parar de precisar de qualquer coisa que seja. p. 51
Grace viveu momentos difíceis durante toda a sua vida. Ela foi vítima da crueldade do mundo desde muito cedo. Não estou querendo justificar a possível participação dela no crime com o fato dela ter um passado complicado.  Mas não há como negar que Grace teve poucas opções em sua vida. Sobrevivendo a uma sociedade machista, que reduzia as mulheres, que se utilizava de seus corpos - com ou sem consentimento - não seria absurdo caso a personagem deixasse de ser uma figura sã. Não é o crime em si que determina a narrativa. É a figura de Grace, constantemente definida como bela, dócil e frágil associada a crimes. É a descrença na mulher, tratadas como adereços, vilãs e mocinhas ao mesmo tempo. As críticas a sociedade são feitas com o toque refinado de Margaret.
Ninguém costuma pedir minha opinião, eu não estava acostumada, nem mesmo sobre o tempo e certamente não por um homem com um bloco de anotações. p.81
A história é narrada - grande parte - por Grace, contando para Dr. Jordan desde a sua vinda da Irlanda para o Canadá até o momento de sua prisão. E também conta com capítulos narrados pelo médico, que vive as incertezas de seu futuro. Alias Grace, título original, ganhou uma adaptação televisiva e que também se encontra no serviço de streaming Netflix. Logo após o sucesso de outra série baseada em um livro de Margaret, The Handmaid's Tale (O Conto da Aia). E é perceptível como as duas obras abordam os lugares que são destinados as mulheres. Não são os lugares escolhidos por elas e sim impostos. Como elas são obrigadas a subserviência. Algo não muito distante da nossa sociedade atual. Margaret aborda questões em momentos passados que, infelizmente, são recorrentes no presente. Leitura mais do que recomendada! E a série é bem fiel ao livro, vale a pena conferir também.
Homens como ele não têm que limpar a sujeira que fazem, mas nós temos que limpar nossa própria sujeira e mais as deles. p.239

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Comentários
3
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3 comentários:

  1. Auri!
    Após o sucesso do outro livro dela, imaginava que esse seria tão bom quanto.
    Amo as histórias ambientadas no século XIX e quando mostram a força de suas protagonistas, é ainda melhor.
    Sempre com temas polêmicos.
    Quero ler esse também.
    Um final de semana carregado de luz e paz!
    “A arte de ser sábio é a arte de saber o que ignorar.” (William James)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  2. Oi Auri
    Confesso que não tenho vontade de ler!


    Bjoooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

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  3. Olá!
    Não tinha conhecimento desse livro, mas gostei muito dele. A trama é bem envolvente, com um toque de suspense no ar. Eu espero em breve ler!

    Meu Blog:
    Tempos Literários

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