08 novembro, 2017


[Resenha] Tartarugas Até Lá Embaixo - John Green

Ficha Técnica 

Título: Tartarugas Até Lá Embaixo
Título Original: Turtles All the Way Down
Autor: John Green
ISBN: 978-85-510-510-0200-1
Páginas: 269
Ano: 2017
Tradutor: Ana Rodrigues
Editora: Intrínseca
Depois de seis anos, milhões de livros vendidos, dois filmes de sucesso e uma legião de fãs apaixonados ao redor do mundo, John Green, autor do inesquecível A culpa é das estrelas, lança o mais pessoal de todos os seus romances: Tartarugas até lá embaixo. A história acompanha a jornada de Aza Holmes, uma menina de 16 anos que sai em busca de um bilionário misteriosamente desaparecido – quem encontrá-lo receberá uma polpuda recompensa em dinheiro – enquanto lida com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Repleto de referências da vida do autor – entre elas, a tão marcada paixão pela cultura pop e o TOC, transtorno mental que o afeta desde a infância –, Tartarugas até lá embaixo tem tudo o que fez de John Green um dos mais queridos autores contemporâneos. Um livro incrível, recheado de frases sublinháveis, que fala de amizades duradouras e reencontros inesperados, fan-fics de Star Wars e – por que não? – peculiares répteis neozelandeses.

Resenha

John Green dispensa apresentações. O autor lançou uma das obras mais populares dos últimos anos, que ajudou a propagar um novo tipo de literatura entre os jovens: os sick-lits. “A Culpa das Estrelas” vendeu milhões, ganhou um filme em Hollywood, foi traduzido para dezenas de línguas e trouxe para Green uma nova e fiel leva de fãs leitores. Mas daí, ele parou de escrever.

Seis anos após o estrondoso boom de sua maior obra, onde durante esse tempo o autor chegou a dizer que não sabia se chegaria a escrever novamente, John publicou no dia 10 de Outubro – com direito a lançamento simultâneo no país pelas mãos da Intrínseca – seu mais novo livro, “Tartarugas Até Lá Embaixo”.

Com um título curioso, o livro nos apresenta Aza Holmes – sobrenome sugestivo –, uma jovem adolescente cheia de questionamentos na cabeça, tais questionamentos que chegam a lhe causar problemas, desde dificuldade para socializar-se, até mesmo a auto mutilação. Não me recordo de em nenhum momento a palavra TOC ser citada, porém claramente Aza sofre de transtorno obsessivo compulsivo, fazendo assim de “Tartarugas Até Lá Embaixo”, mais um sick-lit pelas mãos de John Green.

O que ele disse sobre os pensamentos era exatamente o que eu vivia – um destino, não uma escolha. Não como um catálogo da minha consciência, mas como uma oposição a ela.
P. 61

A história de Aza pode até ser centrada em seus problemas pessoais, porém estes são alimentados e pavimentados através de um enredo específico. Um magnata da cidade é acusado de desviar dinheiro e então decide fugir para não ser preso, porém há uma boa recompensa para quem descobrir informações de seu paradeiro. Desta forma, Aza e sua melhor amiga, Daisy, vão procurar pistas através do filho do empresário, que outrora foi colega de acampamento de Aza. 

Iniciada a caçada, os leitores irão acompanhar uma obra que além do tema principal já citado, trará também amizade, romance, relação familiar, bullying e luto. Para quem já acompanhou as outras obras de Green, notarão que Tartarugas se assemelha muito mais à “Cidades de Papel” do que a “A Culpa das Estrelas” ou com “Quem é Você Alasca?”, sendo esses últimos, na minha opinião, melhores desenvolvidos e não por menos, as melhores obras do autor.

Por ser a primeira criação em anos, sem contar que é a primeira depois de um grande sucesso literário, é claro que as expectativas para “Tartarugas Até Lá Embaixo” seriam altíssimas. Infelizmente, quem cria expectativas, corre o risco de também criar frustrações e decepções, e ambas foram concretizações reais durante a leitura.

A loucura, na minha experiência assumidamente limitada, não vem acompanhada de superpoderes. Não estar mentalmente saudável não torna uma pessoa portadora de uma inteligência sublime, do mesmo modo que uma gripe não o faz.
P. 127

Com uma história fraca, personagens pobres e um desenrolar sem graça, Tartarugas se assemelha bastante aos mil livros sick-lit que foram lançados após o sucesso de “A Culpa é das Estrelas”, na tentativa de alcançarem o mesmo desempenho do mesmo. É triste ver como John Green virou um rascunho de sí mesmo, entregando um projeto inferior não somente a sua última obra publicada, mas também a sua primeira, e que seis anos não foram suficientes para algo excepcional e memorável ser criado.

Dito isto, “Tartarugas Até Lá Embaixo” tem boas referências a Star Wars, o que é sempre bem vindo, e também a existência do excelente Davis, que na minha opinião é o melhor personagem do livro, e que não recebe o devido espaço que merece, lamentavelmente. A capa do livro também merece os parabéns, simples e muito bonita, além de ter recebido na edição nacional um toque aveludado que só lhe embeleza mais.

Li todas as obras de John Green e me considero um fã do autor. Amo muito uns livros e já não gosto tanto assim de outros. “Tartarugas Até Lá Embaixo” se enquadra na segunda opção, o que não torna a obra ilegível ou de todo ruim, porém, tanto como produto singular ou comparada ao catálogo do autor, ela deixa a desejar. Só espero que não leve mais seis anos para um novo livro de Green ser lançado, pois tenho esperanças que o próximo vai ter o brilho que faltou neste.

Você pensa: é como um incêndio no cérebro. Como um rato te roendo por dentro. Uma faca em suas entranhas. Uma espiral. Redemoinho. Buraco Negro.
P. 217
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Comentários
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5 comentários:

  1. Como sempre, o John Green inovando em cada um dos seus livros; traz novamente uma nova "aventura young", mas ao mesmo tempo mantendo essa singularidade tão típica dele.

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  2. Oi Tácio
    Eu confesso, n me animo p ler John Green
    Li 'A culpa é das estrelas' e amei
    Mas tentei ler seus outros livros e n conclui nenhuma leitura
    Tenho visto mts resenhas sobre esse livro, umas boas, outras nem tanto
    Pode ser que mais pra frente (beeem maisp frente) eu dê uma chance!

    Bjoooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com

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  3. Tácio!
    Não sabia que o John Green tinha sido diagnosticado com TOC.
    Deve ser muito complicado sentir pensamentos intrusivos constantemente 'entrarem' na nosa mente e tornarem a vida bem complicada.
    Gostei de ver que além do mistério do desaparecimento, outros temas foram aborados, como a injustiça e questões existenciais.
    Claro que quero fazer essa leitura.

    “É prova de inteligência saber ocultar a nossa inteligência.” (François La Rochefoucauld)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

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  4. Muito interessante o que esse livro apresenta, nas histórias a gente ler sobre vários problemas, mas o TOC é a primeira vez. Importante saber um pouco mais sobre isso.

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  5. Olá!
    Eu quero esse livro, por favor me dê ele para mim...Eu estou louca para ler esse historia escrita por ele, apesar de passar muitos anos sem escrever, ele vem com historia maravilhosa como essa. O tema abordado e bem interessante, faz mostra ao leitores sobre uma doença que podemos ajudar quem sofre ela. Eu já quero esse livro!

    Meu Blog:
    Tempos Literários

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