19 março, 2017


[Resenha] Uma Chance Para Recomeçar - Diana Scarpine

Ficha Técnica 

Título: Uma Chance Para Recomeçar
Autor: Diana Scarpine
ISBN: 978-85-8442-135-0
Páginas: 432
Ano: 2016
Editora: Pandorga
Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma das suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e deseja aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos precisam ser vencidos para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?

Resenha


Quando li a sinopse de Uma Chance Para Recomeçar fiquei curiosa em saber como seria essa estória, mas não acreditava que ela me prenderia logo nas primeiras páginas e que eu só conseguiria largar o livro quando chegasse ao final das suas 432 páginas. Ainda bem que peguei o livro para ler nesse feriado de Carnaval, porque realmente foi intenso.

Carina vive em Jequié, cidade no interior da Bahia e, aos trinta e dois anos é uma workaholic assumida. Sua vida se resume a estudar e trabalhar na empresa da família, onde é a presidente desde que seu pai se aposentou. Gerenciar a rede de supermercados toma muito de seu tempo, mas no início do livro vemos Carina em um raro momento, quando ela decidiu tirar dez dias de férias depois de defender sua tese de mestrado. Porém, no primeiro dia no hotel na Ilha de Atalaia (em Canavieiras) ela acorda com uma paralisia facial parcial, o que a deixa desesperada.

Pense aí, você nunca para, só pensa em trabalho, só tem o estresse como companheiro e no momento que faz uma pausa isso acontece com você? Sim, me desesperei com a Cal, afinal, o que teria causado isso? Seria o resultado de tanto estresse e trabalho?
Os livros sempre foram meus companheiros, meus amigos, o refúgio de minhas mágoas e tristezas, o consolo de minha solidão e, acima de tudo, minha única forma de divertimento e descontração.
P. 12
Mas Cal não é uma mulher que se deixa levar pelo desespero muito tempo, sendo assim, ela retorna à Jequié e vai em busca de um médico, que lhe encaminha para sessões de fisioterapia. É na clínica onde faz fisioterapia que ela conhecerá Aurélio.

Aurélio é um homem que foi consumido pela tragédia. Há dez anos um acidente levou sua esposa, filha, a visão e queimou 50% do seu corpo. Para Aurélio, não havia mais motivos para seguir em frente. Depois de muito tempo em depressão ele passou para uma reabilitação que o ajudou a ser independente de sua mãe, mas nem isso trouxe de volta seu gosto pela vida. Embora trabalhe como massoterapeuta na clínica do primo, Leo vive no piloto automático, apenas esperando o momento em que partirá dessa vida para ficar ao lado de sua família.
Esse era o meu mundo: completamente escuro e sem sentido. Eu era como um tronco de árvore morto e castigado pelo fogo, do qual restara apenas a casca carbonizada e negra, sem mais nenhum resquício de vida, sem nenhuma possibilidade de voltar a viver.
P. 32
Com o problema da paralisia facial, tudo o que Cal menos quer é sair e ser vista pelas pessoas, sendo assim, sua vida se resume às suas idas à clínica para as sessões de fisioterapia, uma vez que a médica lhe deu atestado médico para o período do tratamento. No mesmo clima está Leo, que passa o mais invisível possível pelas pessoas, mas basta olhar um pouco mais para ela para que não passe despercebido: Leo usa uma máscara para queimados que cobre quase todo o seu rosto, um óculos escuro, roupas largas de gola alta e mangas compridas (mesmo morando em uma cidade quente e conhecida como Cidade do Sol) e o cabelo comprido.

Quando passa a fazer sessões de massoterapia também na clínica é que Cal de fato conhecerá mais Leo. Cal vê em Leo mais do que as cicatrizes que ele esconde sob suas roupas, máscara e mau humor. Ela se interessa por ele, mas embora Leo também passe a percebê-la de forma diferente das outras pessoas, seu autopreconceito é a primeira barreira a qualquer possibilidade de futuro entre eles.
Eu não podia deixar Aurélio assim, precisava trazê-lo de volta à vida, fazê-lo despertar da longa e interminável noite escura que era sua existência. Mas como fazer isso? Como lhe restaurar a autoestima se a minha própria também se encontrava abalada? Como ajudá-lo a superar seus conflitos, se eu não conseguia superar os meus? Como conduzir nossa amizade se eu era uma pessoa tão antissocial? Como lhe mostrar que ele ainda podia ser feliz, se eu não era feliz?
P. 89
Alternando a narrativa entre Leo e Cal, Diana nos apresenta os detalhes da personalidade dos personagens, seus medos, seus anseios, como Cal se sente quando se vê atraída pela primeira vez por um homem e ele não demonstra nem ao menos tolerar sua presença enquanto Leo não consegue entender a confusão de sentimentos que se passam com ele, ao se ver atraído por uma mulher que não é sua esposa.
Eu sempre fui o oposto de Paula. Sempre fui tímida, discreta, estudiosa e antissocial. (...) Enquanto eu estudava e procurava me aperfeiçoar cada vez mais, ela se especializava em colecionar roupas e sapatos de grife. Enquanto eu era viciada em trabalho, ela era viciada em compras e em viagens, pagas por seu marido rico. Enquanto ela era uma mulher sedutora, eu nem sabia como me aproximar de um homem e, por isso, cheguei aos trinta e dois anos sem ter um único namorado, fato que eu nunca comentara com ninguém por vergonha de minha incompetência.
P. 49
Além disso, Diana ainda aborda a questão da diferença de status social de Cal e Leo, afinal Cal é rica, tem uma vida profissional e financeira muito bem resolvida enquanto Leo mora com a mãe em um bairro um pouco afastado e trabalha para se sustentar, em um emprego que não lhe paga muito, mas que agradece por ter, afinal, certamente conseguir um emprego depois do acidente não seria nada fácil.

Diana utiliza alguns personagens que são a expressão do preconceito para mostrar o que as pessoas que têm alguma deficiência são obrigados a ouvir por conta de suas mentes mesquinhas, mas também há aqueles personagens que são um sopro de esperança de que as coisas melhorem.

Amei a leitura do livro e o único ponto negativo que tenho que comentar é que achei repetitivo em alguns momentos a lamentação de Aurélio pela sua condição e as diferenças que ele via entre ele e Carina. Vira e mexe ele estava lá se lamentando de novo, sei que ele passa boa parte do livro sem se aceitar e acreditando que tudo o que vive pode se acabar a qualquer momento, mas não precisava ficar repetindo. Fora isso, as lições do livro são incríveis, a relação de Carina com sua família, com o trabalho, com outras pessoas, enfim, seu amadurecimento assim como Aurélio e a descoberta de que ele pode sim ser feliz, que sua condição atual não é empecilho para viver uma vida plena.

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Comentários
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7 comentários:

  1. A personagem vive só no mundo do trabalho. Eu não sei conseguiria lidar com esse mundo formal por tanto como Carine. Acho que por isso que acaba estressando e levando a vida de maneira pesada demais. Achei interessante como ela lidar com aspecto sentimento do decorrer do livro, abrir espaço para o amor, coisa que ela colocava como prioridade na sua vida. Que bom que chegou o Aurélio na vida dela. Enfim, fiquei curiosa com ela vai lidar com esse novos sentimentos

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  2. eu não conhecia o livro nem a autora
    e no começo eu tava: mas não tem outros com esse nome?
    uma das coisas que mais me chamou atenção foram os personagens e paisagens "nacionais", nada contra os autores que não o fazem, mas é tão gostoso trazer um pouco da nossa terra
    a história não é o tipo que me atrai, parece com outras; mas se a narrativa e o jeito que a autora traz questões como o preconceito realmente conquista eu estou disposta a dar uma chance

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  3. Muito obrigada pela linda resenha, Layane!

    Abraço,
    Diana.

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  4. Lay!
    Recebi o livro essa semana e já estou aqui com aquela vontade louca de ler, afinal, por ter deficiência nas pernas, sofro preconceito, as pessoas ficam olhando a órtese e a muleta, maridão até diz: pega a caneta que tá na hora da sessão de autógrafos...kkkk
    Deve ser um tremendo romance.
    “Não ganhe o mundo e perca sua alma; sabedoria é melhor que prata e ouro.” (Bob Marley)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!

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  5. Não conhecia mas adorei a sua resenha e com certeza vou ter que comprar esse livro. Gostei de saber que a narrativa é intercalada entre os personagens, isso da a chance do leitor conhecer melhor ambos. A capa tambem é linda

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  6. Estou até vendo vários choros com esse livro. Sou tão sensível, gente qualquer coisinha meus olhos já estão úmidos.
    Não gosto muito de livros romancezinho-garota-conhece-garoto, sabe? Mas esse me chamou muita atenção, já conhecia a autora e fiquei bem curiosa para ler.

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  7. Não conhecia a autora nem o livro, parece ser daqueles que você tem que ler um lencinho do lado, agora não tô querendo ler livros que me fazer chorar mas quem sabe em um futuro próximo eu não der uma chance para ele.

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