22 fevereiro, 2017


[Cinema] Estrelas Além do Tempo

"(Vivian) Apesar do que você possa pensar, eu não tenho nada contra vocês.
(Dorothy) Eu sei, eu sei que você provavelmente acredita nisso."

sem legendas engraçadinhas dessa vez, esse é um filme sério
Filmes não conseguem reparar injustiças históricas. Infelizmente, tudo o que a gente tem são as histórias, pra aprender com elas e tentar evitar que isso aconteça de novo. Estrelas Além do Tempo é um filme que tenta se desculpar por coisas ruins que aconteceram num passados não muito distante e contar a história de uma das muitas injustiças que aconteceram, pra que a gente se lembre que as pessoas nem sempre foram tratadas de forma igual.

Durante quase cem anos, muitos estados americanos viveram um período de segregação racial constitucional sob as leis Jim Crow (uma expressão pejorativa pra negros). Estava dentro da lei recusar serviços pra negros e ter áreas separadas em bibliotecas e banheiros pra negros e brancos, que não podiam casar entre si. Havia bairros e bebedouros separados e hoje sabemos de várias histórias de pessoas que foram presas ou linchadas pelos motivos mais absurdos.

Foi nesse contexto histórico que três mulheres negras ajudaram a NASA a levar humanos ao espaço. Mulheres que trabalhavam em um prédio diferente dos outros funcionários, usavam um banheiro diferente e até utensílios diferentes. E o filme acerta ao mostrar a corrida espacial como plano de fundo, porque o que importa aqui é a trajetória dessas mães esforçadas que se empenham pra realizar seus sonhos apesar da crueldade do sistema em que vivem. E é interessante como cada uma enfrenta um antagonista que representa um aspecto dessa sociedade.


Taraji P. Henson compõe Katherine como uma mulher tímida e eficiente, um gênio da matemática que, apesar de ser brilhante, vive à sombra dos homens ao seu redor. Por trás da timidez ela esconde uma língua mordaz, que aparece principalmente quando os homens ao seu redor não param de falar besteira. É uma personagem extremamente contida, até na forma como lida com as filhas, apesar do carinho que sente por elas. Seu antagonista é um dos colegas de trabalho, um homem branco que se recusa a vê-la como igual e deixá-la levar o crédito por seu próprio trabalho.

Janelle Monáe é Mary, a mais desbocada e saidinha das três. Excelente com cálculos, ela quer ser engenheira, mas a NASA nunca teve uma mulher engenheira. Quando tenta a posição, descobre que os pré requisitos mudaram e ela vai precisar frequentar uma escola só de brancos pra conseguir o diploma. É quando diz “Toda vez que temos a chance de progredir eles movem a linha de chegada. Toda vez.”. Mary tem que enfrentar o próprio marido pra conseguir estudar, uma referência ao fato de que os homens negros nem sempre entendem que as mulheres são ainda mais prejudicadas que eles e precisam lutar muito mais pra terem o que querem.

A Dorothy da Octavia Spencer é uma mãezona. Além de todo o esforço pra criar os próprios filhos de maneira correta, ela “adota” as moças do seu departamento, se preocupando em manter seus empregos e treinando todas elas em programação. Ela quer ser reconhecida pelo seu trabalho de supervisora, apesar de não ter nem o cargo nem o salário de uma. Ela encontra resistência na figura de Vivian, uma mulher branca que disfarça seu racismo com “eu não posso fazer nada a respeito”.

Os únicos outros personagens que parecem minimamente decentes são o Al Harrison (Kevin Costner), que não tem uma função muito clara além de gritar com as pessoas e se revela meio que um aliado quando percebe a própria ignorância, e o Coronel Johnson, que é um fofinho (e a prova de que o Mahershala Ali é o único homem do mundo que pode usar bigodinho de porteiro e continuar charmoso).


O acerto do filme é fazer do foco a luta dessas mulheres. Conforme elas progridem, a missão avança e a História também. Além de ser um retrato de um período histórico em que as coisas eram um pouquinho piores do que agora. É um longo exercício de empatia e uma aula de história e eu não dou seis meses pra esse filme começar a ser exibido nas escolas americanas, como aconteceu com Doze Anos de Escravidão. O ponto negativo é que parece que o filme vai terminar várias vezes. Depois do terceiro corte com tela escura, fica meio chato e dá a impressão de que o filme é muito longo.

Vão assistir o filme! É o tipo de história que a gente precisa conhecer pra evitar que mais gente seja esquecida e injustiçada.

De uma a cinco astronautas negras, o quanto eu gostei do filme:

   
Mae Jemison | Joan Higginbotham | Stephanie Wilson | Yvonne Cagle
Comentários
7
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7 comentários:

  1. Oi Tamy
    Tava qrendo mt ver esse filme, masos horários nunca deram certo!
    Só ouvi elogios ao filme!

    Bjoooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

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  2. Quando o filme/livro, é baseado em fatos reais, ficam mais emocionantes de se lerem.Queria muito assistir esse filme, mas acho que não vai ser possível agora...
    Abraço!

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  3. Parece ser uma história bem emocionante e fiquei bem interessada por tudo que conheci aqui!
    O filme aborda um tema importantíssimo e acredito que seja uma ótima pedida assisti-lo.
    É tão bom quando o nosso trabalho é reconhecido e essas mulheres mereceram.
    Beijos,
    Caroline Garcia

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  4. Hey,

    Já ouvi um monte de gente falando bem desse filme, tô louca para assistir, pena que não vai dar pra ser nós cinemas.

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  5. Quero muito ver este filme, essas mulheres merecem ser lembradas, se no passado não receberam o devido reconhecimento, agora elas o terão, embora seja um pouco tarde, mas não tarde demais, para mostrar o quanto é cruel, para que não erremos. Mesmo que o mundo tenha melhorado, ainda há muito a ser mudado. Uma pena que o filme possua alguns cortes que dão a impressão de fim, também não gosto muito quando isso ocorre. Esse elenco é ótimo, quero com certeza conferir o filme.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  6. Tamy!
    Desejo muito poder assistir esse filme e apreciar essas desbravadores indômitas em uma época onde a mulher e negra eram bem mais discriminadas do que hoje em dia e saber que sem elas poderia não ter dado certo os projetos da Nasa, é fenomenal.
    “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.” (Friedrich Nietzsche)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de FEVEREIRO, livros + KIT DE MATERIAL ESCOLAR e 3 ganhadores, participem!

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  7. Não gosto de filmes com drama, então esse, apesar das excelentes recomendações não me interessou

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