[Resenha] A Mediadora: Lembrança - Meg Cabot

Ficha Técnica

Título: A Mediadora: Lembrança
Título Original: Remembrance
Autor: Meg Cabot
ISBN: 978-85-01-07156-9
Páginas: 399
Ano: 2016
Tradutor: Camila Mello
Editora: Galera Record

Agora, mais velha e experiente, tudo que Suze quer é causar uma boa impressão no primeiro emprego desde sua formatura — e desde o noivado com o Dr. Jesse de Silva, ex-espírito e sua alma gêmea. Como não bastasse, um fantasma de seu passado resolve aparecer. E esse não é um espectro que ela possa mediar. Afinal, Paul Slater está bem vivo, milionário e, ainda por cima, é o novo proprietário da antiga casa de Suzannah. Aquela na qual conheceu Jesse. Isso não seria um problema se ela não tivesse acabado de descobrir que uma antiga maldição poderá transformar seu amado num demônio, caso seu antigo local de descanso seja demolido, como Paul pretende. Agora ela precisa dar um jeito em Paul, que a está chantageando sexualmente — isso mesmo... ou ela dorme com ele, ou perde Jesse —, enquanto tenta ajudar uma caloura assombrada por uma menininha muito poderosa...

Resenha

Após 15 anos, Meg Cabot presenteia duplamente seus leitores da aclamada série “A Mediadora”. No início de Junho foi publicado gratuitamente o e-book “O Pedido”, que seria o primeiro contato após anos entre os leitores e Suzannah Simon. Em 116 páginas Meg situa seus leitores, deixando bem claro que anos se passaram, e que suas personagens cresceram e estão prontas para novos compromissos, incluindo o casamento.

Obviamente, que “O Pedido” serve como uma ponte entre o último livro, “Crepúsculo” (2007), e “Lembrança”, uma forma que a autora encontrou de preparar seus leitores com o que estava por vir, sem precisar fazer isso no livro em si, desperdiçando páginas com meras ‘atualizações’. No final, quem acaba ganhando é o próprio leitor, pois tanto o conto quanto o livro conseguiram manter a essência dos exemplares anteriores, ao mesmo tempo que acrescentaram elementos novos e enriquecedores.

Quando foi que as coisas ficaram tão complicadas? Se não fosse um babaca do passado aparecendo para me chantagear sexualmente, era um espírito-mirim homicida estraçalhando meu escritório. [...] Será que eu nunca conseguiria relaxar e curtir o momento, só para variar?
P. 101-102 

Nesse sétimo volume da série, iremos encontrar Suzannah, a nossa querida e esquentadinha mediadora, já formada e trabalhando na mesma escola onde estudou. Apesar de não receber nada por seu trabalho na Academia da Missão, Suze aproveita a oportunidade para continuar morando perto de seu namorado Jesse, que faz residência de medicina em uma cidade próxima. Noivos, os dois pombinhos precisarão lidar com muitas coisas antes do grande dia chegar, inclusive a aparição de um fantasma do passado.

Paul Slater, que de morto não tem nada, agora com o dinheiro que herdou de seu avó e bastante milionário, compra a casa onde Suze morou e conheceu Jesse. Decidido a destruir a propriedade, Paul entra em contato com nossa mocinha e lhe deixa a par de um pequeno detalhe: caso a casa seja demolida, uma maldição será liberada, maldição esta que poderá transformar Jesse em um demônio, pois é lá que encontra-se os seus restos mortais.

[...] Quanto mais pessoas eu puder ajudar a resolver seus problemas agora, enquanto vivas, menos trabalho terei com elas depois, quando morrerem.
P. 132 

Para evitar essa grande tragédia, Paul faz um acordo com Suzannah: caso ela concorre em sair para que tenham um jantar, e que por acaso, esse jantar termine no quarto de hotel dele, Paul promete não destruir a casa, ao mesmo tempo que garante que após esta noite, Suze nunca mais irá querer Jesse. Correndo contra o tempo para encontrar uma segunda opção que não seja dormir com Paul, Suzannah ainda precisará lidar com uma fantasma bastante poderosa que assombra uma das alunas da escola, tudo isso sem deixar que seu relacionamento fique abalado.

“Lembrança” foi uma ótima - e excelente - surpresa. Mesmo quase após 10 anos, Meg Cabot conseguiu reviver suas personagens e entregar o livro mais adulto da série até então. Com muito mais ironias, sexualidade e temas delicados, Cabot prova a sí mesma, como à todos seus leitores também, que conseguiu escrever um dos melhores livros de sua saga número #1 do New York Times.

– Não. Não tem nada que eu possa fazer por ele. Está em boas mãos. As melhores. Eu vim vê-la, e saber o que descobriu. Preciso saber onde ela está enterrada, Suzannah.
Meu queixo caiu.
– E isso vai ajudar em quê?
– Você sabe a resposta. Para que possa mandá-la de volta ao inferno, ao qual pertence.
P. 163

O grande trunfo de “Lembrança” é exatamente a personagem principal, que com seu temperamento forte, conquista o leitor mais uma vez. Seu romance com Jesse está melhor do que nunca, e é muito bom ver o crescimento do rapaz na série, principalmente se compararmos com suas poucas falas nos primeiros volumes. Além disso, é sempre um prazer ver como Suzannah tenta insistentemente cruzar a linha com Jesse, que segue fielmente as tradições da época em que viveu, e espera casar virgem e respeitar a igual virgindade de sua noiva. Muitas risadas garantidas nessas partes.

Para quem nunca leu nenhum livro da “Mediadora”, ainda dá tempo de correr atrás. A saga aborda um tema interessante, que sempre garante bons momentos de ação, sem deixar de lado o querido - e peculiar - romance. E um fato super positivo de “Lembrança” é o seu desenvolvimento e construção narrativa, que melhorou bastante: a nível de curiosidade, o livro anterior teve 272 páginas, e este 399. Meg acertou em cheio, e para os que estavam assustados com essa publicação anos após o fim da série, podem respirar tranquilos… Afinal, as vezes vale a pena ressuscitar uns fantasmas.

– Você deve estar certo – falei, e curti a vista privilegiada da gola V, além da sensação do seu peitoral firme, moldado solidamente, e dos músculos dos ombros. – Talvez seja melhor ir para seu carro. Já que você tem todo o equipamento, pode começar a exorcizar o demônio dentro de mim agora mesmo.
P. 176

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